07/04/2024

Leitura Coletiva - Fazendo as pazes com o corpo

 






Olá! Fico muito feliz de ter você aqui comigo para juntas aproveitarmos esta leitura. Espero que seja algo prazeroso e de grande valor construtivo para a sua vida. Estou propondo em média 35 páginas por semana, o que dá 5 páginas por dia. E assim concluiremos todos os capítulos em um mês.

  

Período

Capítulos

Semana 1

1, 2 e 3

Semana 2

4, 5 e 6

Semana 3

7 e 8

Semana 4

9 e 10

  

O prefácio e a introdução você pode ler assim que adquirir o livro, são poucas páginas. Te convido a visitar o nosso canal no Youtube, é só clicar aqui se inscrever, ativar o sininho de notificações para acompanhar os comentários e reflexões que trarei a cada semana.

 

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25/10/2023

Resenha do Livro - Comunicação não violenta


 

 

A morte e a vida estão no poder da língua. Nossas palavras tem o poder de produzir alegria ou tristeza, união ou afastamento.

Este livro foi escrito por Marshal Rosenberg, psicólogo norte americano doutor em psicologia clínica. Seu grande interesse sempre foi a resolução de conflitos. Uma curiosidade sobre a obra: o prefácio foi escrito pelo neto de Mahatma Gandhi.

A Comunicação Não-Violenta é a comunicação baseada na compaixão, é uma busca para reformular a maneira de nos expressarmos e ouvirmos os outros. Eliminando reações repetitivas e automáticas. Buscando respostas conscientes. A base da CNV pode ser resumida em: Observação, Sentimento, Necessidade e Pedido.

Observação é identificar o fato, sem julgamentos ou avaliações. O que o outro está fazendo/ dizendo que é enriquecedor ou não para sua vida?

Observar é ter percepção dos fatos, avaliar é opinar, julgar. Não há problema em avaliar. O ruim é misturar as duas coisas. Por exemplo, se seu esposo deixa a toalha molhada sobre a cama e você diz: Você é muito desorganizado, não sabe onde é o varal? Essas afirmações são avaliações. A observação é: Marido, observei que você tomou banho e deixou a toalha sobre a cama.

Sentimento é como me sinto em relação ao que observo. Temos um vocabulário limitado quando o assunto é o que sentimos. A educação escolar e até mesmo familiar, não valoriza a expressão de sentimentos.

Necessidade é o que eu preciso.Em todas as situações que te incomodam é importante se perguntar: Qual a necessidade minha que não está sendo atendida?

Pedido é o que estou querendo do outro para enriquecer a minha vida. Ações concretas. Expressar o que estamos pedindo e não o que não estamos. Expressar o que estamos pedindo de forma positiva. Evitar frases vagas abstratas ou ambíguas. Pedidos são vistos como exigências quando os ouvintes acreditam que serão culpados ou punidos se não os atenderem.

Citando Mateus 7:1 o autor fala sobre a comunicação que bloqueia a compaixão. E a primeira característica desse tipo de comunicação é uso de julgamentos moralizadores. Você sabe a diferença entre julgamentos moralizadores e juízos de valor?

Segundo Marshal os juízos de valor refletem o que acreditamos ser melhor para vida. Enquanto fazer julgamentos moralizadores é julgar pessoas e comportamentos que estão em desacordo com nossos juízos de valor.

Um exemplo para você entender melhor: Eu acredito ser melhor para a minha vida não comer carne, eu sou vegetariana. Esse é meu juízo de valor. Seria um julgamento moralizador se eu dissesse que pessoas que comem carne são intemperantes, pessoas menos espirituais ou más porque não amam os animais.

E nesse contexto entra a minha frase favorita do livro: análises de outros seres humanos são expressões trágicas de nossos próprios valores e necessidades.

O segundo item presente na comunicação que bloqueia a compaixão, são as comparações. Se você quiser tornar a sua vida infeliz, compare-se com os outros.

O terceiro item é a negação da responsabilidade. Colocar a culpa de nossos sentimentos e pensamentos nas outras pessoas.

Os capítulos 7 e 8 tratam sobre a empatia, eu pensava que sabia o que era ser empática... Doce ilusão! Eu gostei bastante da definição atribuída pelo autor. Empatia é a compreensão respeitosa do que a outra pessoa está vivendo. Quando alguém compartilha algo com você, você não está sendo empático dando conselhos, sentindo pena, encorajando.

A comunicação não-violenta também precisa estar presente nos nossos monólogos e conversas internas. Se internamente nós somos violentos, será difícil ter compaixão pelos outros.

Você tem dificuldade para controlar a sua raiva? Esse livro me ajudou muito em relação a isso.  Nossa raiva vem de julgamentos, rótulos, acusações a respeito do que as pessoas deveriam fazer e do que elas merecem.

Além de todo esse conhecimento útil, o livro também trata do uso da força. Um assunto polêmico, principalmente para quem tem filhos. Segundo Marshal, a punição diminui a boa vontade e a autoestima. Culpar e punir não contribuem para as motivações que gostaríamos de inspirar nos outros. O uso punitivo da força faz com que as pessoas sofram por seus atos, optando por fazer o que é certo apenas por medo. E eu lembro da pergunta de Maquiavel: é melhor ser amado ou temido?

Deu para perceber que esse livro é simplesmente sensacional! Um livro que todos deveriam ler, principalmente pais e mães. As palavras tem poder, e saber usá-las na formação de um ser humano em formação é uma missão.

Título: Comunicação Não-Violenta

Autor: Marshall Rosenberg

Editora: Ágora

Número de Páginas: 288


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23/10/2023

Resenha do Livro - Anne de Green Gables

 



Este romance de formação foi escrito por volta 1903 por Lucy Maud Montgomery. Esta é a história de uma menina órfã que foi adotada acidentalmente por um casal de irmãos idosos. Os pais de Anne morreram quando ela era ainda bebê. Ela ficou sob o cuidado de outras pessoas e morou em um orfanato até completar 11 anos, foi uma fase bem difícil e conturbada para a menina!

O cenário da história é nada mais, nada menos que a Ilha de Príncipe Eduardo, no Canadá. Mattew e Marilla moravam em Avonlea em uma fazenda chamada Green Gables. Mattew estava envelhecendo, e eles decidiram adotar um menino para que ele ajudasse nos trabalhos da fazenda. Porém houve um engano, ao invés de um menino, veio Anne.

Quando Anne chegou, eles pensaram em devolvê-la. Marilla até perguntou para Mattew: Que bem ela faria para nós. E Mattew que já estava encantado com a garotinha, respondeu: nós poderíamos fazer algum bem para ela.

Mattew e Marilla são personagens incríveis! Eu me identifiquei muito com a introspectividade do Mattew, ele fala muito pouco mas age com toda bondade do seu coração. E a Marilla é uma das minhas personagens favoritas, uma grande mulher. Pensa numa pessoa racional? Em alguns momentos parece ser fria, no entando, por mais que ela tenha dificuldade de demonstrar os seus sentimentos, ela é amorosa, do jeito dela e tem a sua própria forma de demonstrar amor. Foi uma personagem que me fez rir bastante!

Anne foi aceita e passou a viver com esse casal de irmãos idosos. Ela era uma menina muito esperta. Inteligentíssima, uma garota à frente do seu tempo, cheia de ideias inovadoras! Amava ler, era uma criança muito questionadora, possuía uma grande capacidade de imaginação. Imagina uma criança dessa chegando para morar com dois senhores que não se casaram e nem tiveram filhos!

A narrativa traz o processo de adaptação de Anne nesta nova casa, as amizades que ela fez, como ela interagia com os moradores de Avonlea, com os novos colegas da escola e professora. 

Uma palavra que define Anne é intensidade. Quando ela ficava feliz ela dizia que estava perfeitamente feliz, mas quando estava triste dizia que a sua vida era um cemitério de esperanças mortas. 

Anne falava demais, ela tinha uma característica que eu achei a coisa mais linda: um vocabulário diferenciado, falava palavras rebuscadas. Que criança de 11 anos que você conhece que possui a palavra “escopo” no seu vocabulário? Para Anne, a pessoa que tem grandes ideias precisa de grandes palavras para descrevê-las.

Anne tinha o costume de chamar de “alma gêmea” aquelas pessoas que ela se identificava. Sabe aquelas pessoas que a gente mal conhece e já sabe que a amizade vai dar certo, por tantas coisas que se tem em comum? (E que fique bem claro que não tem a ver com a conotação romântica desta expressão, que estamos acostumados). Daiana, sua melhor amiga era uma dessas almas gêmeas. É muito bonita a amizade entre elas, me fez recordar as minhas amizades de infância.

Algo bem interessante, é que Anne por tudo o que ela já tinha passado na vida, nunca havia se sentido amada. E quando Daiana diz que a ama, ela fica surpresa e diz: Oh Daiana, eu não achava possível que alguém pudesse me amar. Nunca ninguém me amou desde quando eu entendo por gente.

Dá para perceber que essa criança tinha alguns problemas relacionados à autoestima, como por exemplo, não aceitava o seu aspecto físico. Ela era ruiva e muito magra, e achava que era a pior coisa do mundo. Pra ela o cabelo ruivo era uma tragédia. Ela preocupava-se muito com a aparência, em suas orações ela pedia a Deus para fazê-la bonita quando crescesse. 

Anne queria muito se vestir bem, o que é completamente normal para uma criança que sempre vestiu trapos. Marilla achava uma futilidade, ressaltando que era muito melhor ser gentil e inteligente do que bonita. E para tentar convencer Marilla a fazer um vestido bonito, Anne falava que era muito mais fácil ser boazinha se suas roupas fossem elegantes. Ela sonhava em ter um vestido de mangas bufantes, que era a moda da época, e Marilla só fazia vestidos simples, de cores apagadas. Anne era tão dramática que segundo ela, a vida sem mangas bufantes não era digna de ser vivida.

Em relação a religião, Anne era bem questionadora. Ela perguntava coisas como: Por que as mulheres não podiam ser ministras? Por que tinha que ficar de joelho para orar? E que repetir as palavras de outras pessoas não era realmente uma oração. 

Neste livro você vai acompanhar o desenvolvimento e as aventuras de Anne dos 11 aos 16 anos, como ela foi crescendo e amadurecendo, aprendendo a se aceitar. Um livro de ficção que traz bons princípios, além de ter muito humor, aquela graça e mágica da infância.

Eu leio por prazer, e o meu maior prazer é aprender. Com este livro aprendi estar aberta às situações da vida, sejam elas boas ou ruins. Vivendo intensamente cada momento tendo a visão mais saudável sobre todas as ocasiões.


Título: Anne de Green Gables

Autor: Lucy Maud Montgomery

Editora: Ciranda Cultural

Número de Páginas: 336



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16/02/2023

Resenha do Livro - Capitães da Areia

 


Esse livro foi um presente da minha amiga Camilla, ela é mestre em literatura e nós já fizemos um live no canal do Quem Lê Ganha Mais sobre o papel do livro na sociedade. Vale a pena conferir!

Capitães da Areia foi publicado em 1937 e continua sendo um livro muito atual. É triste ver como as questões abordadas nessa obra ainda persistem em nosso país. A temática do livro é uma denúncia social. O problema dos meninos e meninas de rua. Para você ter uma ideia, as últimas pesquisas (2020) indicam que cerca de 70 mil crianças vivem na rua no Brasil. Através desse romance, Jorge amado nos faz a refletir sobre essa problemática, dando vida, nome e sentimentos a essas crianças marginalizadas.

O livro começa com algumas manchetes de jornais que falam sobre um grupo de crianças ladronas, chamadas de Capitães da Areia. O grupo era formado por mais de 100 meninos que viviam em um trapiche, ou seja, um casarão próximo ao mar na cidade de Salvador-Bahia.

O bando era muito bem organizado e unido, dirigido pelo Pedro Bala, um adolescente... Esses meninos apesar da pouca idade, eram avançados em vários aspectos, como sexualidade, uso de bebidas alcóolicas e cigarro. Além de viverem do crime.

Ok, um livro sobre delinquentes. Sim, pode até ser. Mas eles não são apenas isso. E essa é a magia de ler Jorge Amado, ele retrata aqueles meninos não apenas como pequenos infratores, mas como crianças que querem brincar, que anseiam pelo amor de um pai/ mãe.

Não tem como ler esse livro e continuar com o coração duro, e não estou falando sobre desculpar os erros. E sim, sobre olhar para uma criança de rua e pensar: por que será que ela está nesta situação? Qual o contexto familiar, social que ela nasceu?

Esta narrativa é sobre empatia. Ela serve para você testar a sua capacidade de se colocar no lugar do outro.

Esse livro é tão famoso que já foi traduzido para diversas línguas. Jorge Amado é considerado um dos principais escritores brasileiros do século XX. Ele escreveu outros livros famosos que você já deve ter ouvido falar como Gabriela Cravo e Canela.

Algo interessante é que, Jorge Amado era ateu e por um bom tempo foi filiado ao partido Comunista. E você deve estar achando um absurdo, “ler um livro de um comunista!”. Calma aí! Não é nada sábio colocar as pessoas em pacotes e definir rótulos. Só por ele ter sido parte desse partido político ele não tinha nada de bom a oferecer? Claro que não! Inclusive, você que gosta de ir à igreja saiba que foi nada mais, nada menos que Jorge Amado quem propôs a leis de liberdade de culto religioso no Brasil. Assim como a vida, as obras de Jorge Amado são surpreendentes!

Título: Capitães de Areia

Autor: Jorge Amado

Editora: Companhia das Letras

Número de Páginas: 283


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09/02/2023

Resenha do Livro - Como ajudar uma pessoa com depressão

 


Frescura, preguiça e falta de vontade. Já ouviu alguém usar esses termos para se referir a uma pessoa com depressão?

Será que esses termos estão corretos? Dados de 2020 mostram que a depressão passou a ser a doença mais comum e incapacitante do mundo! No Brasil, com o cenário da pandemia houve um aumento de 80% dos casos.

Tem alguém do seu círculo de convivência enfrentando este problema? O que fazer para ajudar uma pessoa com depressão? Existe cura? Quais tratamentos são adequados?

Primeiramente, eu gostaria de agradecer muito ao psicólogo Felippe pelo livro, por ter escrito e por ter nos enviado de presente! Felippe sempre terá um lugar especial em meu coração, porque este livro contribuiu muito para o meu conhecimento e crescimento! Foi uma leitura que fez diferença em minha vida. Sabe aqueles livros que te marcam para sempre? Eu dei 5 estrelas no Skoob, e eu só faço isso com livros que realmente me surpreendem. Com certeza já está entre um dos melhores livros que li este ano.

É muito bom receber um livro, cuja leitura te dá prazer. Este livro foi muito bem escrito. Felippe escreve de forma clara, objetiva. Ele sabe fazer assuntos complexos ficarem compreensíveis sem simplificar o conteúdo. Eu fiquei encantada com as referências literárias que ele utilizou. Ele cita Iracema de José de Alencar, O Alienista de Machado de Assis, além das referências clássicas da psicologia como Lacan, Freud e outros livros e autores que eu não conheço, mas já anotei para ler algum dia.

O livro é dividido em 6 partes:

O que eu preciso saber sobre depressão?

Onde você vai entender mais sobre esse transtorno. O que é a depressão, qual a diferença entre depressão, tristeza e luto. Quais são os principais sintomas, como surge a depressão ou quais fatores levam a esta doença.

Para mim, o diferencial deste livro está na linha que o psicólogo segue, considerando a depressão não como um problema individual ou uma questão neuroquímica. Além de fatores genéticos, traumas de infância, experiências ligadas a perdas, a depressão envolve a própria cultura e sociedade na qual estamos inseridos.

E para concluir este primeiro capítulo, o autor apresenta as formas de tratamento da depressão. É muito importante deixar claro aqui. Só existem 3 formas de tratamento para depressão: Psicoterapia individual, psicoterapia de grupo e medicamentos antidepressivos receitados por um psiquiatra.

“Ah, mas exercício físico é bom, alimentação saudável e fé em Deus ajuda”. Ajuda, mas não é tratamento. Como a maior parte do nosso público é cristão, é fundamental destacar que só existem 3 formas de tratamento para depressão. Hábitos saudáveis, religiosidade podem ajudar quando a pessoa está submetida a um tratamento adequado. Por favor, quando se encontrar com alguém com depressão antes de dizer que vai orar pela pessoa certifique se ela está tendo acesso a um desses tratamentos, se não, é muito mais importante você fazer a sua parte ajudando neste sentido ao invés de dizer que vai orar.  Se você encontrar alguém com a perna quebrada, tenho certeza que ligaria para o SAMU ao invés de simplesmente dizer “vou orar por você”, enquanto deixa a pessoa sozinha lá com a perna sangrando. Precisamos tratar as doenças emocionais com a mesma seriedade que tratamos as doenças físicas.

As variações da depressão.

Uma coisa que eu não sabia e aprendi, é que burnout é um tipo de depressão. Burnout é algo grave e mais frequente do que imaginamos. Precisamos repensar sobre as condições de trabalho que nos submetemos, sobre esse sistema que visa o lucro a qualquer custo, focando na produtividade em detrimento do que temos de mais precioso: nossa saúde.

Felippe destaca que o discurso da meritocracia e do produtivismo é uma cilada. Existem estudos que mostram que esta ideia do mérito é prejudicial tanto para pobres quanto para ricos. Precisamos desenvolver uma visão mais crítica sobre as nossas relações de trabalho.

Além de burnout a depressão pode se manifestar através do transtorno distímico, transtorno bipolar e depressão psicótica.

As sete coisas mais importantes que alguém com depressão gostaria que você soubesse.

Desta parte eu não vou dar spoiler para vocês ficarem com mais vontade de ler a obra.

O que fazer e não fazer ?

Esta parte é bem prática. E eu pontuo que o que você pode fazer de mais relevante por alguém com depressão é estudar sobre o assunto, para entender a complexidade desta doença e assim conseguir agir de forma mais produtiva.

 

A questão do suicídio

A quinta sessão do livro é sobre o assunto mais delicado envolvendo depressão: O suicídio. No Brasil, mais de 10 mil pessoas se matam por ano. E segundo a OMS, 90 % dos casos poderiam ser evitados.

Não falar sobre este assunto, não reduz o problema. Nós precisamos aprender a conversar sobre temas difíceis. E para falar sobre algo, precisamos ter propriedade do assunto. A leitura é uma ótima forma de obter conhecimento.

Nós precisamos desenvolver a nossa capacidade de acolher os outros para que eles sintam à vontade para falar conosco sobre os seus pensamentos mais tristes e sombrios. Além de sempre tratar os outros com gentileza e empatia para sermos o motivo dessas pessoas não desistirem.

Como podemos melhorar nossas relações por meio da escuta?

Este capítulo foi uma aula para mim. Eu sou uma péssima ouvinte, interrompo as pessoas, fico viajando enquanto elas falam, às vezem tenho pressa... quero saber logo a conclusão! Mas entendi o quão importante é sabermos ouvir o outro. E não ouvir para sugerir uma solução, mas simplesmente escutar...

O autor indica um livro que eu já li, o Comunicação Não-Violenta.

 E na conclusão ele indica outros livros, que eu anotei e coloquei na minha lista de desejos.

Se você está com depressão procure ajuda de um psicólogo ou de alguém que possa encaminhá-lo para um tratamento adequado.

Se você conhece alguém com depressão, leia este livro e passe a fazer parte do processo de cura.

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30/01/2023

Resenha do Livro - A menina do Sol em Capricórnio (#2)

 



Você conhece a expressão fim de mundo? É bem comum usá-la para falarmos de lugares longes, de difícil acesso. Pois é, esse livro autobiográfico, é composto por memórias de alguém que cresceu em um lugar que alguns chamam de “fim de mundo”.

Tânia Míriam revela suas lembranças de infância, vividas no interior do norte de Minas Gerais. Um povoado chamado São João do Pequi, mais conhecido como Pequi.

Este livro é muito especial, e não apenas porque foi um presente do meu pai, com dedicatória da própria autora... mas porque eu também nasci no Pequi. Os lugares, costumes e até mesmo algumas pessoas narradas aqui fazem parte das minhas lembranças de infância. Os meus avós, tios e primos ainda vivem lá. No decorrer da resenha eu vou compartilhar também algumas memórias pessoais em relação a esse lugar.

Tânia foi uma criança criada por suas avós e tias. Seus pais se casaram bem novinhos, antes dos 20 anos. Um ano após o nascimento de Tania, seu pai foi tentar a sorte no Paraná, trabalhando no cultivo de milho e feijão. Ele adoeceu e faleceu quando ela tinha apenas 5 anos de idade, deixando a mãe de 24 anos com 4 filhos. Sem condições de criar os filhos a mãe de Tânia deixou-os com as avós e tias.

A infância de Tânia foi sem pai, sem mãe, em diferentes casas e diferentes famílias. A maior parte dessa fase ela viveu com a avó paterna no Pequi, a vovó Mença. E neste livro ela relata como era esse povoado naquela época, como as pessoas viviam, como era a escola, a vida de criança. Ela fala também sobre a seca, algo bem marcante no norte de Minas. Eu lembro de várias vezes quando passeava no Pequi da cena de pessoas com seus carotes buscando água na bica... Uma situação bem comum para os moradores do povoado.

Uma das partes que eu mais gostei está bem no começo do livro. Quando a autora afirma que vai falar sobre o Pequi real, de pessoas com qualidades e defeitos.

Algo muito necessário que Tânia inseriu no livro foi um dicionário. O mineiro já tem o costume de “engolir” o final das palavras, por exemplo: nós não falamos passarinho e sim: passarim. Além dessas palavras, na região do Pequi há algumas expressões únicas. E eu achei muito legal ela esclarecer. Eu amo essa riqueza cultural de cada lugar ter o seu vocabulário.

No decorrer da narrativa aparecem poemas originais da autora. Ela inseriu também as músicas que aprendia na escola e até mesmo umas receitas típicas.

As memórias de Tânia revelam como a criança era tratada naquele contexto... com violência, sem respeito, com exigência como se a criança fosse um mini adulto. E o mais interessante, é que ela conta como todas essas experiências moldaram quem ela se tornou. Como ela lidou com o sentimento de rejeição por ter sido deixada pela mãe, como as falas violentas ouvidas naquela época ecoaram por tanto tempo em sua vida adulta e influenciaram a visão que ela desenvolveu de si mesma.

 O mais lindo é ver que ela não omitiu nem desprezou qualquer lembrança. E além disso conseguiu compreender cada ato em seu contexto e assim costurar os retalhos de sua vida de uma forma muito bela, sem rancor.

Eu vivi vários momentos da minha infância no Pequi, brincando com meus primos e primas nas barrocas e morros. Memórias que guardo com muito carinho. Como eu mencionei no início eu nasci lá e vivi até os 2 anos de idade então a maior parte das minhas lembranças são de passeios para visitar os parentes ou férias que passei por lá. Quando era criança e adolescente eu tinha um problema... eu sentia muita vergonha por ter nascido naquele “fim de mundo”. Eu nasci em casa, não deu tempo de minha mãe ir para a cidade mais próxima. Eu sentia muita vergonha desse fato. Para completar meus primos me pirraçavam, me chamavam de “pequiseira”, o que aumentava ainda mais a minha vergonha. Na minha mente infantil era como se eu fosse menos do que as outras crianças só porque não tinha nascido em uma cidade. Fui registrada quando tinha 2 anos de idade, meu pai trocou meu nome e minha data de nascimento. Além de nascer no Pequi, ainda tinha toda esta confusão do registro.

Cresci e claro, não tenho mais problemas com esses fatos. Hoje eu entendo que não importa o lugar ou as circunstâncias que nascemos e sim quem nos tornamos. Nascer em um lugarejo isolado entre os morros, na chapada de Minas Gerais não faz de mim alguém inferior. As pessoas que vivem lá até hoje também não são inferiores. São os nossos atos, o que faço da minha vida é que determinará se vivo uma vida digna ou não.

Por mais que as pessoas possam inferiorizar as suas condições, elas não te definem. Você pode ter nascido no “fim do mundo”, mas se você faz algo para melhorar o lugar onde vive, você é uma pessoa grandiosa. Ler essa obra de Tânia, me fez reforçar ainda mais esse pensamento, e ter muito orgulho da minha origem humilde.

Não são os lugares, nem as circunstâncias que determinam quem nós seremos. Tânia teve uma infância difícil, e mesmo assim conseguiu estudar, formou-se em Economia, fez especialização em Comércio Exterior em uma universidade da Alemanha, onde atualmente vive. Hoje ela trabalha como coach de Comunicação Não-Violenta, é casada e muito realizada com seus dois filhos. Ela é um bom exemplo de que não somos reféns das circunstâncias.

Sua obra mais que um relato de memórias, diz respeito de um povo. Um povo do interior de Minas Gerais, que não deve ser esquecido... 

 

Título: A menina do sol em capricórnio

Autora: Tânia Míriam

Editora: Nova Consciência

Número de Páginas: 310


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25/01/2023

Resenha do Livro - A Coragem de Ser Imperfeito

 


“Não podemos dar as pessoas o que não temos. Quem somos importa infinitamente mais do que o que sabemos ou queremos ser.” p.130

A Coragem de ser imperfeito, foi escrito por Brené Brown, phD em serviço social, pesquisadora na Universidade de Houston. Professora e palestrante, inclusive tem vídeo dela no TED Talks.

O que você faz quando fica emocionalmente exposto? Como você se comporta quando se sente desconfortável e inseguro?

Este livro é um convite para você entender a sua vulnerabilidade, aceitá-la e então, decidir viver plenamente. 

Nós estamos inseridos em uma cultura, que a autora chama de a cultura da escassez. Assim nós acreditamos que não somos bons o bastante. Isso gera vergonha, comparação e desmotivação.

A vergonha é um sentimento intensamente doloroso, que surge quando acreditamos que somos defeituosos e portanto, indignos de amor e aceitação.

Para construir o conceito de vulnerabilidade, Brené apresenta 4 mitos em torno desse assunto.

Mito 1: vulnerabilidade é fraqueza. Vulnerabilidade não é algo bom ou ruim. É simplesmente o centro das nossas emoções e sensações.

Mito 2: Vulnerabilidade não é comigo. Só se você não estiver vivo. Estar vivo é estar vulnerável. A vulnerabilidade é parte da nossa condição humana e independe das nossas crenças, escolaridade ou questões financeiras. Homens e mulheres vivenciam a vergonha de formas diferentes, mas todos nós somos afetados pela vulnerabilidade.

Mito 3: Vulnerabilidade é expor totalmente a minha vida. Não vulnerabilidade não é exposição. É reconhecer nossas limitações e fracassos e compartilhar nossos sentimentos com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los. Dividir informações pessoais com limites.

Mito 4: Eu me garanto sozinho. Não, ninguém é uma ilha, precisamos uns dos outros. E claro, precisamos escolher com muita sabedoria as pessoas que farão parte da nossa intimidade.

O capítulo 4 foi um dos que eu mais gostei. A autora fala sobre o arsenal que nós usamos contra a vulnerabilidade. O arsenal é composto por: Alegria como mau presságio., Perfeccionismo e o Entorpecimento.

Alegria como mau presságio. Sabe o que é isso? É quando você está feliz, mas sente medo de perder aquele momento. Um temor que reprime qualquer felicidade. “Não vou ne empolgar porque eu sei que as coisas não dão certo para mim”. É muito mais sábio aproveitarmos o momento, sermos gratos pelo que temos e pelo o que vivenciamos do que ficarmos com medo da nossa alegria acabar, e assim perdemos a alegria antes do tempo de qualquer forma.

Perfeccionismo. Se você parar pensar vai perceber que não conhece ninguém que venceu na vida que atribua o seu sucesso, ou a sua alegaria ao perfeccionismo. Até porque, perfeição não está acessível para seres humanos, é uma meta inatingível. O perfeccionismo não é o caminho que nos leva a nossos talentos e ao sentido da vida. Há uma confusão quando o assunto é Perfeccionismo. Muitas vezes vemos pessoas usando esta palavra como sinônimo de excelência, capricho. Definitivamente isso não é perfeccionismo. Perfeccionismo não é auto aperfeiçoamento. Perfeccionismo é uma tentativa de obter aprovação dos outros, baseado no medo de falhar, de ser criticado. É um sistema de crenças autodestrutivas.

Entorpecimento é o uso de qualquer recurso a fim de anestesiar a dor, o desconforto, a solidão. E não se trata apenas de drogas ilícitas. Qualquer tipo de vício é uma tentativa de fugir de alguma dor emocional. Excesso de trabalho, excesso de redes sociais, compulsão alimentar, e até mesmo vício em atividades religiosas podem ser tentativas de anestesiar alguma dor. Para evitar o entorpecimento é preciso aprender a vivenciar os sentimentos, saber lidar com o desconforto das emoções difíceis.

Nós não precisamos ser perfeitos, mas temos de estar atentos e comprometidos para alinhar nossos valores com nossas atitudes.A falta de alinhamento entre o que se diz e o que se faz é a fonte principal da falta de motivação.

Um exemplo triste sobre desmotivação, acontece nas comunidades religiosas. Líderes que não vivem de acordo com as virtudes que pregam causam bastante desmotivação espiritual. A vulnerabilidade é muito importante na espiritualidade. É um caminho mais coerente quando somos honestos e admitimos nossas fraquezas ao invés de darmos desculpas ou fingirmos ser quem não somos.

Para fechar com chaves de ouro, Brené fala sobre Vulnerabilidade no ambiente de trabalho e na família. E para você que é pai/mãe, ou pretende ser. há um capítulo simplesmente sensacional sobre como criar filhos plenos.

Este livro é fruto de pesquisas científicas sobre vulnerabilidade. O principal objetivo da autora é mostrar que incertezas, riscos e exposição emocional não são coisas ruins, fazem parte da vida. E quando nós desenvolvemos resiliência, vivemos bem com nossa imperfeição.

Pessoas que se abrem para a vida, experimentam coisas novas, são mais felizes e realizadas, ainda que sejam alvo de críticas e inveja.

É uma leitura que vai desafiar a sua forma de viver, quando fugimos de emoções como o medo, mágoa, decepção também nos fechamos para o amor, aceitação e criatividade. Afinal, viver com ousadia não tem nada a ver com ganhar ou perder. Tem a ver com coragem.

Título: A coragem de ser imperfeito

Autora: Brené Brown

Editora: Sextante

Páginas: 208




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