23/10/2023

Resenha do Livro - Anne de Green Gables

 



Este romance de formação foi escrito por volta 1903 por Lucy Maud Montgomery. Esta é a história de uma menina órfã que foi adotada acidentalmente por um casal de irmãos idosos. Os pais de Anne morreram quando ela era ainda bebê. Ela ficou sob o cuidado de outras pessoas e morou em um orfanato até completar 11 anos, foi uma fase bem difícil e conturbada para a menina!

O cenário da história é nada mais, nada menos que a Ilha de Príncipe Eduardo, no Canadá. Mattew e Marilla moravam em Avonlea em uma fazenda chamada Green Gables. Mattew estava envelhecendo, e eles decidiram adotar um menino para que ele ajudasse nos trabalhos da fazenda. Porém houve um engano, ao invés de um menino, veio Anne.

Quando Anne chegou, eles pensaram em devolvê-la. Marilla até perguntou para Mattew: Que bem ela faria para nós. E Mattew que já estava encantado com a garotinha, respondeu: nós poderíamos fazer algum bem para ela.

Mattew e Marilla são personagens incríveis! Eu me identifiquei muito com a introspectividade do Mattew, ele fala muito pouco mas age com toda bondade do seu coração. E a Marilla é uma das minhas personagens favoritas, uma grande mulher. Pensa numa pessoa racional? Em alguns momentos parece ser fria, no entando, por mais que ela tenha dificuldade de demonstrar os seus sentimentos, ela é amorosa, do jeito dela e tem a sua própria forma de demonstrar amor. Foi uma personagem que me fez rir bastante!

Anne foi aceita e passou a viver com esse casal de irmãos idosos. Ela era uma menina muito esperta. Inteligentíssima, uma garota à frente do seu tempo, cheia de ideias inovadoras! Amava ler, era uma criança muito questionadora, possuía uma grande capacidade de imaginação. Imagina uma criança dessa chegando para morar com dois senhores que não se casaram e nem tiveram filhos!

A narrativa traz o processo de adaptação de Anne nesta nova casa, as amizades que ela fez, como ela interagia com os moradores de Avonlea, com os novos colegas da escola e professora. 

Uma palavra que define Anne é intensidade. Quando ela ficava feliz ela dizia que estava perfeitamente feliz, mas quando estava triste dizia que a sua vida era um cemitério de esperanças mortas. 

Anne falava demais, ela tinha uma característica que eu achei a coisa mais linda: um vocabulário diferenciado, falava palavras rebuscadas. Que criança de 11 anos que você conhece que possui a palavra “escopo” no seu vocabulário? Para Anne, a pessoa que tem grandes ideias precisa de grandes palavras para descrevê-las.

Anne tinha o costume de chamar de “alma gêmea” aquelas pessoas que ela se identificava. Sabe aquelas pessoas que a gente mal conhece e já sabe que a amizade vai dar certo, por tantas coisas que se tem em comum? (E que fique bem claro que não tem a ver com a conotação romântica desta expressão, que estamos acostumados). Daiana, sua melhor amiga era uma dessas almas gêmeas. É muito bonita a amizade entre elas, me fez recordar as minhas amizades de infância.

Algo bem interessante, é que Anne por tudo o que ela já tinha passado na vida, nunca havia se sentido amada. E quando Daiana diz que a ama, ela fica surpresa e diz: Oh Daiana, eu não achava possível que alguém pudesse me amar. Nunca ninguém me amou desde quando eu entendo por gente.

Dá para perceber que essa criança tinha alguns problemas relacionados à autoestima, como por exemplo, não aceitava o seu aspecto físico. Ela era ruiva e muito magra, e achava que era a pior coisa do mundo. Pra ela o cabelo ruivo era uma tragédia. Ela preocupava-se muito com a aparência, em suas orações ela pedia a Deus para fazê-la bonita quando crescesse. 

Anne queria muito se vestir bem, o que é completamente normal para uma criança que sempre vestiu trapos. Marilla achava uma futilidade, ressaltando que era muito melhor ser gentil e inteligente do que bonita. E para tentar convencer Marilla a fazer um vestido bonito, Anne falava que era muito mais fácil ser boazinha se suas roupas fossem elegantes. Ela sonhava em ter um vestido de mangas bufantes, que era a moda da época, e Marilla só fazia vestidos simples, de cores apagadas. Anne era tão dramática que segundo ela, a vida sem mangas bufantes não era digna de ser vivida.

Em relação a religião, Anne era bem questionadora. Ela perguntava coisas como: Por que as mulheres não podiam ser ministras? Por que tinha que ficar de joelho para orar? E que repetir as palavras de outras pessoas não era realmente uma oração. 

Neste livro você vai acompanhar o desenvolvimento e as aventuras de Anne dos 11 aos 16 anos, como ela foi crescendo e amadurecendo, aprendendo a se aceitar. Um livro de ficção que traz bons princípios, além de ter muito humor, aquela graça e mágica da infância.

Eu leio por prazer, e o meu maior prazer é aprender. Com este livro aprendi estar aberta às situações da vida, sejam elas boas ou ruins. Vivendo intensamente cada momento tendo a visão mais saudável sobre todas as ocasiões.


Título: Anne de Green Gables

Autor: Lucy Maud Montgomery

Editora: Ciranda Cultural

Número de Páginas: 336



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