A morte e a
vida estão no poder da língua. Nossas palavras tem o poder de produzir alegria
ou tristeza, união ou afastamento.
Este livro
foi escrito por Marshal Rosenberg, psicólogo norte americano doutor em psicologia
clínica. Seu grande interesse sempre foi a resolução de conflitos. Uma
curiosidade sobre a obra: o prefácio foi escrito pelo neto de Mahatma Gandhi.
A
Comunicação Não-Violenta é a comunicação baseada na compaixão, é uma busca para
reformular a maneira de nos expressarmos e ouvirmos os outros. Eliminando
reações repetitivas e automáticas. Buscando respostas conscientes. A base da
CNV pode ser resumida em: Observação, Sentimento, Necessidade e Pedido.
Observação é
identificar o fato, sem julgamentos ou avaliações. O que o outro está fazendo/
dizendo que é enriquecedor ou não para sua vida?
Observar é
ter percepção dos fatos, avaliar é opinar, julgar. Não há problema em avaliar.
O ruim é misturar as duas coisas. Por exemplo, se seu esposo deixa a toalha molhada
sobre a cama e você diz: Você é muito desorganizado, não sabe onde é o varal?
Essas afirmações são avaliações. A observação é: Marido, observei que você
tomou banho e deixou a toalha sobre a cama.
Sentimento é
como me sinto em relação ao que observo. Temos um vocabulário limitado quando o
assunto é o que sentimos. A educação escolar e até mesmo familiar, não valoriza
a expressão de sentimentos.
Necessidade
é o que eu preciso.Em todas as situações que te incomodam é importante se
perguntar: Qual a necessidade minha que não está sendo atendida?
Pedido é o
que estou querendo do outro para enriquecer a minha vida. Ações concretas.
Expressar o que estamos pedindo e não o que não estamos. Expressar o que
estamos pedindo de forma positiva. Evitar frases vagas abstratas ou ambíguas.
Pedidos são vistos como exigências quando os ouvintes acreditam que serão
culpados ou punidos se não os atenderem.
Citando
Mateus 7:1 o autor fala sobre a comunicação que bloqueia a compaixão. E a
primeira característica desse tipo de comunicação é uso de julgamentos
moralizadores. Você sabe a diferença entre julgamentos moralizadores e juízos
de valor?
Segundo
Marshal os juízos de valor refletem o que acreditamos ser melhor para vida.
Enquanto fazer julgamentos moralizadores é julgar pessoas e comportamentos que
estão em desacordo com nossos juízos de valor.
Um exemplo
para você entender melhor: Eu acredito ser melhor para a minha vida não comer
carne, eu sou vegetariana. Esse é meu juízo de valor. Seria um julgamento
moralizador se eu dissesse que pessoas que comem carne são intemperantes,
pessoas menos espirituais ou más porque não amam os animais.
E nesse
contexto entra a minha frase favorita do livro: análises de outros seres
humanos são expressões trágicas de nossos próprios valores e necessidades.
O segundo
item presente na comunicação que bloqueia a compaixão, são as comparações. Se
você quiser tornar a sua vida infeliz, compare-se com os outros.
O terceiro
item é a negação da responsabilidade. Colocar a culpa de nossos sentimentos e
pensamentos nas outras pessoas.
Os capítulos
7 e 8 tratam sobre a empatia, eu pensava que sabia o que era ser empática...
Doce ilusão! Eu gostei bastante da definição atribuída pelo autor. Empatia é a
compreensão respeitosa do que a outra pessoa está vivendo. Quando alguém
compartilha algo com você, você não está sendo empático dando conselhos,
sentindo pena, encorajando.
A
comunicação não-violenta também precisa estar presente nos nossos monólogos e
conversas internas. Se internamente nós somos violentos, será difícil ter
compaixão pelos outros.
Você tem
dificuldade para controlar a sua raiva? Esse livro me ajudou muito em relação a
isso. Nossa raiva vem de julgamentos,
rótulos, acusações a respeito do que as pessoas deveriam fazer e do que elas
merecem.
Além de todo
esse conhecimento útil, o livro também trata do uso da força. Um assunto
polêmico, principalmente para quem tem filhos. Segundo Marshal, a punição
diminui a boa vontade e a autoestima. Culpar e punir não contribuem para as
motivações que gostaríamos de inspirar nos outros. O uso punitivo da força faz
com que as pessoas sofram por seus atos, optando por fazer o que é certo apenas
por medo. E eu lembro da pergunta de Maquiavel: é melhor ser amado ou temido?
Deu para
perceber que esse livro é simplesmente sensacional! Um livro que todos deveriam
ler, principalmente pais e mães. As palavras tem poder, e saber usá-las na
formação de um ser humano em formação é uma missão.
Título:
Comunicação Não-Violenta
Autor:
Marshall Rosenberg
Editora:
Ágora
Número de
Páginas: 288
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