09/02/2023

Resenha do Livro - Como ajudar uma pessoa com depressão

 


Frescura, preguiça e falta de vontade. Já ouviu alguém usar esses termos para se referir a uma pessoa com depressão?

Será que esses termos estão corretos? Dados de 2020 mostram que a depressão passou a ser a doença mais comum e incapacitante do mundo! No Brasil, com o cenário da pandemia houve um aumento de 80% dos casos.

Tem alguém do seu círculo de convivência enfrentando este problema? O que fazer para ajudar uma pessoa com depressão? Existe cura? Quais tratamentos são adequados?

Primeiramente, eu gostaria de agradecer muito ao psicólogo Felippe pelo livro, por ter escrito e por ter nos enviado de presente! Felippe sempre terá um lugar especial em meu coração, porque este livro contribuiu muito para o meu conhecimento e crescimento! Foi uma leitura que fez diferença em minha vida. Sabe aqueles livros que te marcam para sempre? Eu dei 5 estrelas no Skoob, e eu só faço isso com livros que realmente me surpreendem. Com certeza já está entre um dos melhores livros que li este ano.

É muito bom receber um livro, cuja leitura te dá prazer. Este livro foi muito bem escrito. Felippe escreve de forma clara, objetiva. Ele sabe fazer assuntos complexos ficarem compreensíveis sem simplificar o conteúdo. Eu fiquei encantada com as referências literárias que ele utilizou. Ele cita Iracema de José de Alencar, O Alienista de Machado de Assis, além das referências clássicas da psicologia como Lacan, Freud e outros livros e autores que eu não conheço, mas já anotei para ler algum dia.

O livro é dividido em 6 partes:

O que eu preciso saber sobre depressão?

Onde você vai entender mais sobre esse transtorno. O que é a depressão, qual a diferença entre depressão, tristeza e luto. Quais são os principais sintomas, como surge a depressão ou quais fatores levam a esta doença.

Para mim, o diferencial deste livro está na linha que o psicólogo segue, considerando a depressão não como um problema individual ou uma questão neuroquímica. Além de fatores genéticos, traumas de infância, experiências ligadas a perdas, a depressão envolve a própria cultura e sociedade na qual estamos inseridos.

E para concluir este primeiro capítulo, o autor apresenta as formas de tratamento da depressão. É muito importante deixar claro aqui. Só existem 3 formas de tratamento para depressão: Psicoterapia individual, psicoterapia de grupo e medicamentos antidepressivos receitados por um psiquiatra.

“Ah, mas exercício físico é bom, alimentação saudável e fé em Deus ajuda”. Ajuda, mas não é tratamento. Como a maior parte do nosso público é cristão, é fundamental destacar que só existem 3 formas de tratamento para depressão. Hábitos saudáveis, religiosidade podem ajudar quando a pessoa está submetida a um tratamento adequado. Por favor, quando se encontrar com alguém com depressão antes de dizer que vai orar pela pessoa certifique se ela está tendo acesso a um desses tratamentos, se não, é muito mais importante você fazer a sua parte ajudando neste sentido ao invés de dizer que vai orar.  Se você encontrar alguém com a perna quebrada, tenho certeza que ligaria para o SAMU ao invés de simplesmente dizer “vou orar por você”, enquanto deixa a pessoa sozinha lá com a perna sangrando. Precisamos tratar as doenças emocionais com a mesma seriedade que tratamos as doenças físicas.

As variações da depressão.

Uma coisa que eu não sabia e aprendi, é que burnout é um tipo de depressão. Burnout é algo grave e mais frequente do que imaginamos. Precisamos repensar sobre as condições de trabalho que nos submetemos, sobre esse sistema que visa o lucro a qualquer custo, focando na produtividade em detrimento do que temos de mais precioso: nossa saúde.

Felippe destaca que o discurso da meritocracia e do produtivismo é uma cilada. Existem estudos que mostram que esta ideia do mérito é prejudicial tanto para pobres quanto para ricos. Precisamos desenvolver uma visão mais crítica sobre as nossas relações de trabalho.

Além de burnout a depressão pode se manifestar através do transtorno distímico, transtorno bipolar e depressão psicótica.

As sete coisas mais importantes que alguém com depressão gostaria que você soubesse.

Desta parte eu não vou dar spoiler para vocês ficarem com mais vontade de ler a obra.

O que fazer e não fazer ?

Esta parte é bem prática. E eu pontuo que o que você pode fazer de mais relevante por alguém com depressão é estudar sobre o assunto, para entender a complexidade desta doença e assim conseguir agir de forma mais produtiva.

 

A questão do suicídio

A quinta sessão do livro é sobre o assunto mais delicado envolvendo depressão: O suicídio. No Brasil, mais de 10 mil pessoas se matam por ano. E segundo a OMS, 90 % dos casos poderiam ser evitados.

Não falar sobre este assunto, não reduz o problema. Nós precisamos aprender a conversar sobre temas difíceis. E para falar sobre algo, precisamos ter propriedade do assunto. A leitura é uma ótima forma de obter conhecimento.

Nós precisamos desenvolver a nossa capacidade de acolher os outros para que eles sintam à vontade para falar conosco sobre os seus pensamentos mais tristes e sombrios. Além de sempre tratar os outros com gentileza e empatia para sermos o motivo dessas pessoas não desistirem.

Como podemos melhorar nossas relações por meio da escuta?

Este capítulo foi uma aula para mim. Eu sou uma péssima ouvinte, interrompo as pessoas, fico viajando enquanto elas falam, às vezem tenho pressa... quero saber logo a conclusão! Mas entendi o quão importante é sabermos ouvir o outro. E não ouvir para sugerir uma solução, mas simplesmente escutar...

O autor indica um livro que eu já li, o Comunicação Não-Violenta.

 E na conclusão ele indica outros livros, que eu anotei e coloquei na minha lista de desejos.

Se você está com depressão procure ajuda de um psicólogo ou de alguém que possa encaminhá-lo para um tratamento adequado.

Se você conhece alguém com depressão, leia este livro e passe a fazer parte do processo de cura.

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